Aulas na Budega - Criação de Personagens Complexos

    Saudações Humanos! Aqui quem vos fala é Dio eee rufem os tambores!! Senhoras e Senhores, está prestes a começar o maior "Repetáculo" da Terra! ("repetáculo" porque é espetacular duas vezes). Os Radialistas Budegueiros abriram suas cacholas, para alegria geral da Nação Nerd, para dividir mais este conhecimento proibido: Como criar personagens complexos para seu RPG. Sim! Mestres e Jogadores não precisarão mais se chicotear por criarem personagens "água com açúcar" que mais parecerem figurantes de novela das oito! Está na hora de: 


AULAS NA BUDEGA





Módulo 01:
    Um grupo de amigos se reuniu para jogar um RPG maroto na casa do João (que não tinha pão, mas sempre tem pizza), decidida a campanha (um bom e velho Medieval Fantástico), era hora de criar as fichas. A queimação de neurônios exalava fumaça das cabecinhas dos jogadores e eis o Resultado: 

a) Sicrano - fez um Elfo Arqueiro que saiu de sua cidade em busca de aventuras.
  
b) Beltrano - criou um Humano Mago que busca poderes arcanos e riquezas por onde passa.

c) Fodão - fez um Góblin Paladino que busca vingança contra seu próprio pai por ter destruído sua vila. 

   Agora responda com toda a sinceridade do seu coração: qual dos três você acha que tem o personagem mais memorável, mais complexo e com o melhor background? Se você respondeu letra "C", "Fodão", você está absolutamente certo! Mas por que a história de uma única linha desse personagem parece ser mais interessante? É isso que o Tio Dio vai ensinar para vocês. 

O Conflito: 


   Todo bom personagem tem algo oculto a ser descoberto, talvez seja algo Emocional (seus sentimento e pensamentos em relação a alguma coisa), talvez seja Pessoal (como ele trata e se relaciona com as outras pessoas) ou Social (qual é a relação dele com a cultura/sociedade que vive). Estes três aspectos: Emocional, Pessoal e Social, são a base para se construir um personagem original, memorável e com uma história rica e detalhada. 

   Como definir estas três bases? Pelo Conflito! Os conflitos determinam a personalidade do personagem, e isto irá ditar suas reações e atitudes diante dos problemas e situações que forem aparecendo no decorrer do jogo. Assim sendo, o personagem se torna algo que chamamos de "Caminhante Próprio", ou seja, ele pensa e age de forma diferente até mesmo do jogador que o esta interpretando, pois ele tem pontos fortes e fracos tão marcantes em sua individualidade que, praticamente, se guia sozinho na crônica. Para tanto é necessário se valer dos conflitos, pois somente em situações extremas é que julgamos a realidade de acordo com princípios fundamentais enraizados no passado.  

Ele cortará as cordas quando você menos esperar!

   Vamos pegar como exemplo o personagem do Fodão: Ele é um góblin, isso já nos diz a aparência dele e provavelmente como ele era tratado em sua vila (como lixo, ou como algo sujo e desprezível). Mas então temos uma surpresa, ele também é um paladino! Ou seja ele não descambou para o lado ruim de sua criação/natureza, escolhendo um caminho como servo de um deus. Por fim temos sua busca por vingança contra o próprio pai, que destruiu a vila onde moravam. 

   Analisemos os conflitos: Por sua raça o fator Pessoal dele nos diz bem como ele deve ser tratado pelos outros, geralmente com animosidade, mas, ao mesmo tempo temos o fator Social, que determina seu papel na sociedade como um paladino, alguém que busca proteger os outros e servir a justiça; e não menos importante, temos seu Emocional em relação ao próprio parentesco. De tal forma, nós teremos um góblin que é visto como escória, que tenta trilhar um caminho diferente da de seus iguais, entrando em conflito com sua própria natureza, mas ao mesmo tempo nutrindo um ódio por seu pai por ter acabado com o lugar onde nasceu que mesmo sendo tratado como era, era o seu lar. Complexo bagarai né? 

O Goblin Paladino Vingador

   O que importa não é o passado trágico do personagem, e sim a construção de sua personalidade de acordo com o que viveu e experienciou através dos Conflitos que o lapidaram para  o que será jogado atualmente por você. Então como eu sou bonzinho, vou lhes dar as ferramentas de forma exemplificada para além do background.

Conflito Pessoal:  Existe algo ou alguém que é seu nêmesis (Tipo o Moinho para o Dom Quixote), seu grande rival (Tipo o Gary para o Ash do Pokemon, ou o Vegeta para o Goku em Dragon Ball, ou o Tomy para o Jason em Power Rangers), seu inimigo mortal (Tipo o Subzero para o Scorpion, ou o Sideshow Bob para o Bart Simpson). O que importa é que o conflito pessoal do seu personagem seja algo que o molde, que o impulsione a superar, ou vencer determinado adversário (Afinal o Sasuke do Naruto não faria tanto sucesso se não fosse sua vingança pessoal contra o próprio irmão, Itachi).

Conflito Emocional: Este é muito interessante de se trabalhar, é o conflito que ocorre por causa do passado do personagem, sua forma de agir em consequência a algo que lhe traumatizou, marcou ou deixou de alguma forma uma memória muito forte, por exemplo, seu personagem não deixa ninguém passar fome, pois no passado já não teve nada para comer (Como o Sanji em One Piece), talvez seu personagem não consiga ouvir um insulto, como "otário", sem ficar muito puto (Como o Hancock do Will Smith). O que importa aqui é que o conflito que gerou estas características no seu personagem sejam de natureza mental/emocional.

Conflito Social: O Conflito neste nível é baseado em um binômio (sim, eu falo difícil mesmo e não to nem ai) que é: Tradição vs Desejo de Mudança. Seu personagem é diferente daqueles que estão ao seu redor (Como o Patinho Feio dos Contos de Fada), ou ele sente que algo está errado naquela sociedade e precisa fazer algo para mudá-la (Como o V, em V for Vendetta). O que importa aqui é o conflito de natureza de convívio, onde situações sociais impulsionam a história do personagem (imagine um personagem góblin paladino, ou um super herói que já foi um presidiário). 
 
Os Thunderbolts são ótimos exemplos de Conflito Social

As Reações: 
    
   Muito bem, seu personagem tem um passado, mas como ele reage ao enfrentar perigos? A encarar desafios? Ao ter que lhe dar com as encrencas que o Mestre o coloca a cada campanha? Muita gente trava nessas perguntas, mas para um personagem se tornar um "Caminhante Próprio" somente o seu desejo de jogar não é o bastante! Mas calma, seus problemas acabaram! A Rádio Budega está aqui para lhe ajudar, caro ouvinte perdido na maionese. Deixe de ser uma barata tonta e fica de olho nas dicas a seguir:

Reação Externa:  Essa é a forma de interpretação mais simples que pode-se fazer. Racional e imediata, seu personagem irá agir de acordo com as skills em sua ficha, preste atenção onde coloca seus pontos pois isso determina as limitações do sujeito que você está criando. Por exemplo, um personagem fraco fisicamente não pode querer tentar derrubar uma porta de madeira aos pontapés sem um bom motivo. Seja realista com sua pontuação e sua interpretação da um Up, joinha?

Reações Internas: Esta é a forma fenomenal de colocar todo o peso do seu background na interpretação. Se você determina um trauma para o seu personagem, interprete a reação a este trauma de acordo com a resolução do Conflito. Por exemplo: se seu personagem quase morreu afogado no passado, como seria a reação dele se estivesse preso em uma enchente com água subindo pelo seu pescoço? Ele entra em desespero ou luta de forma feroz contra morte? São estas diferenças sutis que definem como seu personagem reage mentalmente e emocionalmente às situações.

Reações Sociais: Aqui é a identidade/arquétipo que seu personagem se identifica, é aquilo que define seus parâmetros para qualidades e defeitos, lhe atribuindo valores objetivos em suas condutas. Por exemplo aquele nerd que não sabe falar bem com as garotas mas que, quando coloca um colan vermelho com uma aranha no peito, vira o maior piadista do planeta (Cabeça-de-Teia é foda). Então como seu personagem quer ser visto pelos outros? Como ele vê a si mesmo? Responda isso é já será meio caminho andado.


 
   Criação de personagens complexos é uma arte, você dá vida a uma outra Persona, se coloca em situações que nunca imaginou estar, se sente na pele de outro alguém;  é um exercício maravilhoso de Empatia que, sem dúvida, além de lhe aproximar das pessoas a sua volta, irá estimular sua imaginação para histórias fantásticas que ficarão marcadas para sempre na memória da sua mesa.
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Você tem seus próprios métodos de criação de personagem? Por que não compartilha com a gente? Nos deixe um comentário ai em baixo com suas dúvidas, críticas ou sugestões. Confira também nossa página no Facebook: Radio Budega, e nossas outras dicas ao longo de todo site. Abraços e até a próxima!  
   

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