Mago o Despertar Cyberpunk - Parte 4
Metrópole
A Terceira Guerra
Mundial
Enquanto os Inomináveis
lutavam contra os Exarcas e os Oráculos em duas frentes pelo controle
dos Reinos Supernos, no Mundo Decaído os seres humanos entraram
na Terceira Guerra Mundial, tal
confronto foi evoluindo exponencialmente até que todos os Direitos Humanos
fossem esquecidos, onde a sobrevivência era a única coisa que importava. Uma
cultura de ódio foi disseminada entre as diferentes nações, uma cultura que
ensinava nas escolas a xenofobia extrema, onde cada país se tornou um feudo
fechado para o mundo, com até mesmo poucas relações com seus aliados na batalha
contra os “Outros”.
Na Sombra os
espíritos da dor, miséria, ódio, armas, sangue e etc se proliferaram aos
milhões, alimentados e atraídos por tantas ressonâncias negativas oriundas do Mundo Material. E não foi somente o
Reino da Sombra que fora afetado, o Submundo estava sobrecarregado, nunca
tantas almas cruzaram seus portões antes e cada vez mais fantasmas não
conseguiam seguir em frente, criando hordas lamuriantes que tomavam contas de
cidades inteiras, urrando e clamando misericórdia (e vingança).
Até então, nenhuma nação teve coragem de apertar o botão vermelho, mas o que poderia ser
salvo em mundo dominado por uma espécie que se odeia? Então a hora fatídica
havia chegado: uma pequena nação oriunda do Extremo Oriente fez o anuncio, o
mundo parou de respirar nesse dia, todos vidrados com as bocas escancaradas de
horror diante do poder das novas Bombas Nucleares que transformaram uma cidade
inteira em pouco mais do que um estacionamento (uma maldita herança dos
Inomináveis, diga-se de passagem).
Não demorou muito para as represálias começassem e todas as
nações nucleares acionarem suas armas de destruição em massa no tabuleiro
mundial. Países inteiros foram devastados, tendo como únicas lembranças de seus
habitantes as marcas queimadas que estampavam nas paredes suas silhuetas.
Aqueles que não morreram com o impacto das explosões das bombas tiveram um fim
ainda pior: contaminados pela radiação sofreram agonias extremas antes de
sucumbirem em meio a transformações hediondas ocasionadas pela radiação. Se
ainda existiam humanos, estes deveriam ser tão poucos que mal encheriam uma
pequena cidade.
O Mundo acabou e ninguém sabe exatamente quando a Metrópole surgiu, em algum momento o
tempo havia parado e um intervalo infinito entre a Terceira Guerra Mundial e a Ascensão
do Deus-Máquina se deu.
Tudo que se sabe é que a Metrópole é o lar dos seres humanos
agora, os mais antigos não sabem como chegaram até ali, mas sentem medo ao
olharem através dos muros que protegem a cidade, pois em algum lugar em suas
mentes, as memórias da Guerra, antes
da Ressureição sussurram seus
horrores. Eles sabem que nenhuma pessoa normal poderia cruzar seus portões e
permanecer vivo na Westeland por
muito tempo, se não fossem contaminados pela radiação seriam atacados e mortos
por coisas que ainda vagam lá fora, coisas que anseiam por carne fresca e mole
de seus corpos quentes, ou pelo menos é isso que a Igreja da Transfiguração os ensina.
Os Estratos
A Metrópole é uma gigantesca cidade feita de concreto negro
onde seus prédios mais altos conseguem ultrapassar a camada de fumaça liberada
pelo holocausto nuclear. Por entre as ruas e construções correm linhas de luz
esverdeada, linhas essas que alimentam a cidade constantemente para mantê-la aquecida
e com seus escudos antirradiação ativados.
Na Superfície vivem os Alfas,
os indivíduos com a melhor constituição genética e psicológica que detêm maiores
chances de sobrevivência e de passarem pela Iluminação (em teoria), é aqui que a vigilância é mais constante
por parte da Tecnocracia. Os Alfas são tidos como celebridades, políticos ou
trabalhadores intelectuais, vivendo a vida mais confortável entre os membros da
Metrópole, onde aqueles com mais prestígio social e poder econômico conseguem
adquirir compartimentos iluminados pelo sol no topo dos altos prédios. É na
Superfície que se encontra a Torre da
Concórdia, a mais alta construção da Metrópole, a sede do Conclave da Tecnocracia e lar do Vector.
No Primeiro Nível abaixo da Superfície, vivem os Betas, indivíduos fortes e rápidos que são
tidos como de grande importância para a manutenção da Metrópole, alguns deles
até vivem na superfície, são geralmente os militares e seguranças da
Tecnocracia. É aqui onde se encontra o comércio da Metrópole, as lojas e as Casas de Sonhos são o grande enfoque
neste nível, sendo um dos lugares mais bem protegidos e visitado por todos os
estratos em busca de equipamentos, trabalho e prazer momentâneo. Os Betas e Alfas são os únicos que não se
alimentam de protoalimento, podendo
consumir a rara comida convencional cultivada nas pequenas estufas onde Gamas e
Deltas lutam para sobreviver.
No Segundo nível vivem os
Gamas e Deltas, são os indivíduos medianos da Metrópole, mantidos para
manter a Máquina girando, pois os Gamas manuseiam os motores de reação que geram energia para a cidade e são também seus
principais construtores mecânicos, já os Deltas trabalham geralmente em
serviços braçais pesados, cultivando a comida dos Alfas e Betas, além de
produzirem o protoalimento: uma
pasta cinzenta que contém todos os nutrientes e vitaminas vitais para o corpo
humano, criada a partir de compostos sintéticos e restos orgânicos (Nada na
Metrópole é desperdiçado levianamente).
No Terceiro e ultimo nível vive a escória, os Ômegas, seres de pouco valor do
ponto de vista Tecnocrático, que habitam os alicerces subterrâneos da
Metrópole, vivendo de restos que lhe são jogados, muito sujos, doentes e alguns
até mesmo deformados, são constantemente caçados pelos Doutrinadores (a polícia da Metrópole) quando invadem níveis acima
em busca de alimento nas lixeiras, para mendigar e eventualmente roubar alguma
coisa (embora seja cada vez mais difícil a medida que se sobe os níveis). As
lendas dizem que é no Terceiro Nível que se escondem os Sucateiros, afinal seria o único lugar onde ninguém ousaria pisar,
nem os mais corajosos Doutrinadores passam muito tempo lá embaixo, pois os Castigos podem estar a espreita...
O Vector
A Sociedade da Metrópole é governada pelo Vector, um título de extrema grandeza
que é repassado a cada 5 anos para um novo indivíduo escolhido pelo Conclave da 5 Fundações da Tecnocracia.
Selecionado o Privilegiado que se tornará o Vector, este é trancado na “Câmara”, uma vez lá dentro o individuo
recebe digitalmente, direto em sua mente, todo o conhecimento do qual precisa
para administrar a Metrópole segundo os designíos da União Tecnocrática, ou pelo menos é isso que eles acreditam, a
verdade é mais aterradora do que isso. O Vector não é apenas um título, é uma
entidade vinda diretamente do Deus-Máquina. Quando os primeiros Privilegiados
receberam a Iluminação, os Mensageiros vieram
até eles para lhes mostrar os caminhos da Visão
exercidos através das Faculdades, um
destes mensageiros era conhecido como Vector.
Vector tinha como missão conduzir a Metrópole até que os
Privilegiados pudessem fazer isso sozinhos, mas devido situações não conhecidas
houve um desentendimento entre este ser e os Privilegiados, que o destruíram,
restando-lhe apenas a cabeça mecânica da criatura. Os Privilegiados então
passaram a estudar sua anatomia e funcionamento, até que um dia um dos
cientistas tocou diretamente no crânio e a consciência do Vector se manifestou
dominando a mente do pobre homem, o tornando uma marionete da inteligência
mecânica, que logo tratou de dar continuidade em sua programação original de
comandar a Metrópole em busca da Evolução
Final. Ocorre que tal fusão é extremamente danosa para o corpo humano, que
só resiste por meros 5 anos, que é quando o Conclave se reúne para escolher
quem será o novo Vector, que inocentemente aceita seu cargo de máxima
importância imaginando honras e glórias, quando na verdade se tornará um
escravo em seu próprio corpo e sucumbirá em poucos anos, consumido plenamente
pela entidade.
Os Castigos
Quando a gratidão dos Estratos por estarem vivos passou, eles
começaram a se rebelar, pois a prisão de vidro e concreto onde viviam não era o
suficiente para conter a Fome da
Humanidade. As camadas mais baixas começaram a hostilizar as mais altas, e
os Alfas exigiram da Tecnocracia uma solução, assim, cada uma das Fundações
criou uma benção e uma maldição para os habitantes da Metrópole:
Artificialistas
Benção: Criaram as máquinas, robôs e
androides que auxiliariam os humanos em suas tarefas (mas servindo de espiões
dentro dos lares das pessoas).
Castigo: a criação dos “Modificados”, criminosos capturados pelos Doutrinadores foram
usados em experiências para fundir carne e metal, criando cyborgs controlados
para executar sumariamente qualquer insurgente, mas, com o tempo (talvez devido
aos Sucateiros), tal tecnologia fora dominada por certas pessoas, que começaram
a criar em suas garagens, usando peças dos robôs, suas próprias próteses,
amputando dolorosamente seus membros para terem uma chance de lutar contra a
Tecnocracia. Por tanto os Artificialistas determinaram que todo e qualquer Modificado fosse capturado, preso e
destruído, independente de sua origem, sendo um crime contra a Evolução Final unir-se a uma máquina.
Planinautas
Benção: Os Planinautas trouxeram de suas
inúmeras viagens vários objetos importantes para os moradores da Metrópole,
assim como outras fontes de energia para seus lares, criando assim conforto
físico e psicológico para as pessoas.
Castigo: contra os revoltosos, esta Fundação
criou os Simbiontes, a união profana
de um ser humano e um ser alienígena de outra dimensão. Os Planinautas criaram
criaturas belas, inteligentes, monstruosas, hediondas, aterrorizantes... Tais
Simbiontes foram expostos ao público, como uma espécie de zoológico, até que
algumas “fugas” aconteceram, e as monstruosidades desceram até os níveis mais
profundos, matando tudo que encontravam pela frente. Atualmente encontrar um
Simbionte é raro, mas existe uma grande recompensa para quem os capturar com
vida.
Genocratas
Benção: Com seus estudos sobre a vida e a
morte, os Genocratas criaram todo o aparato necessário para prolongar a vida
dos habitantes da Metrópole, desde novas partes do corpo, como membros e
órgãos, e até mesmo corpos robustos e novos, dando a aparência de imortalidade.
Castigo: Para deter os insurgentes, os
Genocratas criaram doenças terríveis e letais, lacrando Distritos inteiros e
espalhando suas crias microscópicas, a população logo era exterminada, as
doenças tinham tantas características que nenhum médico poderia dar conta,
apenas um Privilegiado poderia conceber tantos sintomas ao mesmo tempo, que iam
desde pústulas negras, putrefação da carne, hemorragias internas e coisas ainda
piores. Com efeito, os Adoecidos
sobreviventes, não importante de qual Estrato venham, são convertidos
automaticamente em Ômegas.
Codificadores
Benção: Como forma de agradar a população, os
codificadores criaram as Casas do Sonho,
nelas os moradores da Metrópole poderiam entrar na Teia Digital, e ter a vida que quisessem. Muitas pessoas se viciam
nessa vida falsa, fazendo filas quilométricas ao redor desses lugares por
alguns minutos dentro de suas realidades perfeitas.
Castigo: Com isso, dentro da Teia Digital, os
Codificadores implantam ideias na mente de certos indivíduos, criando uma
verdadeira dependência das sessões, fazendo com que pais amorosos se tornem
verdadeiros psicopatas capazes de tudo por alguns Créditos para voltarem para
“sua realidade”. Tais indivíduos, os Viciados,
aprenderam um dia que é possível absorver outra pessoa dentro da Teia
Digital, e assim ganhar mais tempo lá dentro, tal processo induz a vítima em
coma, enquanto o atacante adquire traços de sua personalidade, e quando muitas
personalidades estão dentro de uma mesma mente, os resultados são desastrosos.
Precognitores
Benção: Os Precognitores passaram a proteger
e monitorar a Metrópole, trazendo inicialmente um aspecto de paz a cidade,
eles, com suas faculdades conseguiam impedir crimes, e usando-se dos
Doutrinadores faziam a guarda dos Distritos. Eles constantemente vasculham os
muros ao redor da Metrópole, em busca de eventuais perigos, como por exemplo os
monstros nucleares Zeka, que
eventualmente cercam os muros da Metrópole, querendo entrar (e vá por mim,
alguns acabam mesmo entrando).
Castigo: Os Precognitores impõem dois castigos clássicos
aos criminosos: Prisão Criogênica ou Experiência. Os primeiros são obrigados a
ficarem dentro de câmaras resfriadas por anos dependendo de seus crimes, já os
segundos são praticamente sentenciados a morte, pois uma vez capturados não
existe chance de escapatória, uma das Fundações irá compra-lo e fazer o que
quiser com seu corpo e mente
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